Eliane Brum e a ausência de sentido das palavras
Quarta, 03 de Agosto de 2022

Eliane Brum e a ausência de sentido das palavras

A noite de abertura do Conbrascom foi de fôlego na última quarta-feira (3) no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Isso mesmo. No auditório ouvia-se apenas a respiração dos participantes do Congresso Brasileiro de Comunicação e Justiça.

A plateia atenta escutava a jornalista e escritora Eliane Brum, apresentada pela diretora de comunicação da DPRJ, Débora Diniz, em uma reflexão urgente sobre a corrosão da democracia ou até mesmo a inexistência dela para muitos brasileiros. “Democracias morrem pra muita gente, porque democracia nem chegou a nascer. Pra muita gente, como João da Silva, democracia natimorta”, disparou.

Eliane fez uma cronologia sobre o Brasil desde o impeachment, de 2016, da presidenta Dilma Roussef. A jornalista responsabilizou também o sistema de justiça e as instituições por tudo que o Brasil viveu posteriormente. “Quando não há justiça, há sacrifício”, sintetizou.

“Nós deveríamos estar discutindo em como ampliar a democracia para aqueles que não foram plenamente alcançados por ela. Mas há muito mais do que isso. (…) Deveríamos estar discutindo conceitos mais complexos, arejados e urgentes de democracia para dar conta dos desafios presentes. Em vez disso, estamos aqui discutindo a corrosão da democracia”, disse.

Em uma fala permeada de entonações e frases inesquecíveis, a plateia manteve um silêncio ensurdecedor e a voz suave disparava as histórias de João, Raimundo, Sheila, a pietá brasileira, dos índios Guarani-kaiowá, todas entrelaçadas por sentidos e da ausência de sentido das palavras - que existem mas não tem efeitos. “Há um genocídio da população negra e indígena e temos palavra, mas nada acontece. Não é porque não se podem dizer as palavras. É porque as palavras nada dizem”, sintetizou. “As palavras se tornaram tão silenciosas quanto os corpos mortos”.

Por fim, ela deixou recado aos assessores e a preocupação sobre a justiça. “Eu acho que uma das palavras-chaves deste momento em que estamos vivemos é cuidado. Eu penso na justiça como uma forma de cuidado com o mundo e com as pessoas do mundo”.

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